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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


RAZÃO

                        Um dia eu acordei. Tudo era calmo e claro. Tão claro, que eu, não conseguia abrir os olhos. A claridade era tão acentuada, coisa que eu não estava habituado. Em minha volta, as pessoas falavam e gesticulavam, mas, por mais que eu me esforçasse não as entendia, para mim, eram apenas,  ruídos estranhos. A meu lado, na cama, também deitada, havia outra pessoa. Com o tempo reconheci e aprendi que aquela pessoa me amava, pois permanecia sempre a meu lado a acariciar-me. Meus olhos buscavam aqui e ali os desenhos e cores que brilhavam e cintilavam, com uma beleza nunca notada e que jamais voltei a sentir.

Senti necessidade de alimentar-me, mas, não consegui demonstrar. Nem mesmo gestos eu conseguia fazer. Então como não vi outra saída, chorei... Descobri ai, que isto eu fazia muito bem. As vozes aumentaram e o movimento também. Logo aquela pessoa que me amava, colocou em minha boca, parte de seu corpo, onde escorria um líquido quentinho e saboroso, suguei-o e o líquido saiu com abundância. Experimentei e gostei. Este foi o meu alimento, por várias e várias claridades.

E lá estava eu, quieto, submisso, e, chorão.Com o decorrer das claridades, fui acostumando-me com tudo a minha volta: as pessoas, objetos, vozes, carinhos etc...

Tentando movimentar-me em exercícios constantes, uma bela manhã, eu senti que se tentasse, conseguiria sentar-me. Tentei e deu certo, no entanto, a voz não fluía ainda de meus lábios, senão, grunhidos, que aquela pessoa tão carinhosa, já havia aprendido a decifrar. Pois até aquela claridade, desde que acordei e tudo era diferente, nunca escureceu e clareou sem que esta pessoa não estivesse ali do meu lado.

O tempo passou... Um dia, eu consegui pronunciar um nome. Um nome que em todas as claridades de minha existência, aquela pessoa, docemente, ao acariciar-me, sussurrava aos meus ouvidos:MAMÃE...

Obrigado MAMÃE por me fazer RAZÃO.

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